O momento atual de incerteza forçou-nos a mudar. O ato de aprender, modificou-se.
É hoje fácil compreender como os desafios nascidos da pandemia da Covid-19 nos levaram a incorporar novos paradigmas em várias esferas da nossa vida pessoal e profissional. Graças às novas tecnologias, desde logo, muitas das atividades que precisavam da nossa presença física, passaram apenas a necessitar de um dispositivo com ligação à internet, câmara e microfone. Por outro lado, a mudança chegou também às nossas rotinas diárias. A pandemia resultou, muitas vezes, na criação de tempo extra (seja pelo menor número de deslocações casa-trabalho ou por situações laborais de layoff ou desemprego).
Estes dois condicionalismos são o ponto de partida para uma oportunidade – a formação a distância. Se, há alguns anos, as sessões de formação eram feitas em contexto presencial, hoje podem ser realizadas a partir do sofá ou da mesa da sala. Para além de implicar um maior nível de conforto, esta modalidade apresenta ainda uma vantagem estratégica: a possibilidade de adequação dos trabalhos ao ritmo de aprendizagem de cada um de nós. Por estas razões, no contexto atual, a formação online assume-se como uma oportunidade de valorização pessoal e profissional.
No contexto que vivemos, o foco na educação e formação de adultos pode ainda ser visto como um instrumento de requalificação e reconversão profissional. Há negócios que terminam e novos negócios que surgem, muitos deles criados já nova realidade digital, pelo que serão necessárias novas competências.
A área digital, vista de forma transversal, encerra grandes oportunidades, seja no investimento de empresas que têm vindo a abrir operações em Portugal ou na digitalização de muitos processos e negócios para responder aos desafios colocados pela pandemia. Esta tendência resultará ainda numa crescente qualificação dos cidadãos que irão potenciar a utilização dos novos serviços digitais, públicos e privados, num ciclo positivo de evolução e crescimento. Mas para responder às mudanças económicas atuais, é essencial ter mais e melhores qualificações e a pergunta impõe-se: como se posicionam os portugueses face à formação?
Literacia digital e aprendizagem
É habitual pensar na formação online como estando ao alcance de qualquer um. Aprender está acessível a todos. Contudo, ela apenas está ao alcance de quem tem acesso à internet e competências digitais. E este ponto continua a ser um entrave para muitos cidadãos. Em 2019, um dos mais importantes relatórios sobre os sistemas educativos da Europa, exortava Portugal a aumentar as competências digitais da população adulta. “Não obstante os esforços ao abrigo do programa INCoDe 2030, o défice das competências TIC continua a crescer significativamente”, sinaliza o Monitor da Educação e da Formação 2019, publicado todos os anos pela Comissão Europeia.
O relatório aconselha Portugal a “melhorar o nível de competências da população”. Em especial a sua literacia digital. Tudo para tornar a educação dos adultos mais adequada às necessidades do mercado de trabalho. Na análise do Monitor da Educação e da Formação 2019 há boas e más notícias para Portugal. A participação dos adultos na aprendizagem ao longo da vida tem crescido. Mas continua baixa. Em 2018, apenas 10,3% da população entre os 25 e os 64 anos investia em aprender e participava em ações de educação e de formação. Valores próximos da média de 11,1% da União Europeia. Mas inferior à meta de 15% estabelecida para 2020.
A pandemia Covid-19 veio acentuar esta necessidade e mostrar que as tecnologias são um aliado fundamental e que a educação online e aprender ao longo da vida são uma mais valia para quem quer aumentar as suas competências para progredir na carreira, mas também para quem precisa de preparar o regresso ao mercado de trabalho.
Como estar “sempre a aprender”?
Existem diversas soluções disponíveis no mercado para todos os que pretendem aumentar as suas competências ou aprofundar os seus conhecimentos a distância. O e-learning é uma modalidade cada vez mais popular e, como tal, dispõe de um número crescente de plataformas e soluções. Muitas destas soluções são gratuitas, como é o caso dos Massive Open Online Courses (MOOC). Estes são cursos que estão disponíveis à distância de um clique e onde é possível aprender mas gerir o tempo de acordo com as necessidades, conciliando-o com outras tarefas e prioridades. Esta gestão não só não prejudica o aproveitamento como é mesmo uma oportunidade de o potenciar.
O mercado dos MOOC tem registado um aumento muito significativo, em todo o Mundo. Durante o ano de 2019, mais de 110 milhões de estudantes frequentaram Cursos Massivos e Abertos Online (MOOCs), um aumento de 10% face ao ano anterior. Em Portugal, desde de abril 2019, é possível recorrer à Plataforma NAU – Sempre a Aprender que disponibiliza acesso a cursos online para grandes audiências em formato MOOC.
Para já, esta iniciativa nacional, ao abrigo do INCoDe2030 e gerida pela Unidade FCCN da Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT), que tem como objetivo o desenvolvimento da educação, disponibiliza 24 formações, que se focam em áreas tão distintas como Cibersegurança, Saúde, Educação ou Multimédia. Poderá conhecer melhor esta plataforma e a oportunidade que poderá representar para a sua qualificação, visitando https://www.nau.edu.pt/.