Criado em 2022 pela Unidade FCCN, o projeto Polen pretende promover a Ciência Aberta e dar resposta às necessidades da comunidade científica na gestão de dados de investigação. A Gestora de Dados de Investigação da Unidade FCCN, Filipa Pereira, explica-nos de que forma estes objetivos serão cumpridos, sublinhando a importância desta área no âmbito da atividade científica: “Uma gestão dos dados de investigação adequada contribui para uma maior visibilidade dos projetos de investigação […], bem como para algo que é muito importante: a partilha e a reprodutibilidade da investigação”.
A Unidade FCCN apostou recentemente no lançamento do projeto Polen. Em que consiste esta iniciativa e qual o contexto que leva à sua criação?
A Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT), através da Unidade FCCN, tem vindo a participar ativamente na implementação de ações e medidas que visam a transição para metodologias de investigação baseadas em princípios de Ciência Aberta.
Neste contexto, foi lançado o projeto Polen que tem como objetivo dar resposta às necessidades da comunidade científica e de ensino superior, na gestão dos seus dados de investigação. Em simultâneo, visa promover os princípios e a prática da Ciência Aberta, assegurando a partilha e a preservação dos dados de investigação gerados no âmbito de projetos financiados com fundos públicos.
O projeto Polen vem complementar o conjunto de serviços na área da Ciência Aberta, já disponibilizados pela FCT, através da Unidade FCCN.
Os dados de investigação têm uma importância crescente, no contexto da transformação digital. De que forma é que o Polen vem dar resposta a esta realidade?
Os dados de investigação têm vindo, de facto, a assumir uma importância significativa no contexto da transformação digital. Uma gestão dos dados de investigação adequada contribui para uma maior visibilidade dos projetos de investigação e para uma maior acessibilidade, qualidade e validação dos dados, garantindo a sua preservação, bem como algo que é muito importante: a partilha e a reprodutibilidade da investigação.
O nosso projeto pretende precisamente apoiar as melhores práticas de gestão de dados de investigação e a promoção de uma ciência mais aberta, inclusiva e transparente.
Em termos estratégicos, o projeto Polen assenta em quatro eixos de atuação, que se interligam entre si. Por um lado, a importância da adoção de uma política de gestão e partilha de dados de investigação, devidamente enquadrada com as melhores recomendações e o contexto atual da investigação. Por outro, a disponibilização de serviços e infraestruturas de gestão de dados, que contribuam para a sua gestão efetiva. Outra vertente importante é o desenvolvimento de atividades de comunicação, formação e disseminação, promovendo a adoção dos Princípios FAIR (dados localizáveis, acessíveis, interoperáveis e reutilizáveis) e a Ciência Aberta. Por último, destaca-se o alinhamento com iniciativas e projetos nacionais e internacionais nesta área, onde se inclui a iniciativa digital European Open Science Cloud (EOSC).
Os dados de investigação são vistos como instrumentais na promoção da Ciência Aberta. De que forma pode o Polen apoiar esta divulgação e quais alguns dos benefícios que podem nascer desse apoio, para a Ciência e para a sociedade?
Os serviços a disponibilizar pelo projeto Polen junto da comunidade científica e de ensino superior assentam nas boas práticas de gestão e partilha de dados de investigação, bem como nos princípios e práticas de Ciência Aberta.
Deste modo, a comunidade científica poderá obter uma maior visibilidade e alcance da sua investigação, uma validação dos seus resultados, uma maior eficiência e uma rede de colaboração ampliada.
Por seu lado, a sociedade beneficiará de uma maior transferência de conhecimento, de uma maior abertura e transparência nos processos científicos, de uma maior confiabilidade e, até mesmo, de um maior envolvimento.
Pensando no utilizador final, quem pode mais beneficiar do Polen? E de que forma?
A iniciativa Polen dirige-se aos beneficiários de financiamento da FCT e, em geral, às instituições do sistema científico e de ensino superior. Esta comunidade poderá apoiar-se nos serviços de gestão e partilha de dados de investigação, nas ações de formação e capacitação, e no alinhamento com projetos e iniciativas de gestão de dados de investigação e de Ciência Aberta.
«[Com o Polen], a comunidade científica poderá obter uma maior visibilidade e alcance da sua investigação, uma validação dos seus resultados, uma maior eficiência e uma rede de colaboração ampliada»
Numa altura em que o projeto acaba de ser lançado, quais são alguns dos objetivos a curto e médio prazo? E a longo prazo?
A curto e a médio prazo, o projeto pretende disponibilizar serviços que apoiem uma adequada gestão e partilha de dados de investigação.
Em termos de gestão e planeamento de dados, foi já disponibilizado um Sistema de Planos de Gestão de Dados (PGDs), que possibilitará aos investigadores preparar e atualizar os seus PGDs. Através desta boa prática, é possível, por exemplo, descrever os dados gerados e/ou reutilizados, avaliar o armazenamento e salvaguarda dos dados, planear a sua preservação, identificar os vários intervenientes no processo de gestão de dados, bem como conhecer a forma como estes poderão ser reutilizados noutros contextos e investigações. Este serviço já se encontra disponível e assenta na ferramenta Argos.
Estamos também a implementar o Serviço de Repositório de Dados de Investigação Polen, que permitirá aos beneficiários de instrumentos de financiamento da FCT agregar, armazenar, preservar, gerir e dar acesso a conjuntos de dados de investigação. Através do depósito de dados, pretende-se aumentar as oportunidades de colaboração entre a comunidade, contribuindo para a reprodutibilidade e disseminação da ciência, bem como para a sua validação. Este serviço vai iniciar a sua fase piloto muito em breve.
Pretendemos a longo prazo, e de forma contínua, avaliar as necessidades da comunidade. Iremos também continuar a acompanhar o desenvolvimento das políticas de Ciência Aberta, a evolução da transformação digital, das práticas de gestão e partilha de dados e das iniciativas e projetos relevantes nesta matéria.
Há alguma coisa que deseje acrescentar?
Gostaria de referir que o envolvimento da comunidade nesta temática tem sido muito relevante, participado e promissor. Neste âmbito, não posso deixar de destacar três importantes iniciativas que têm vindo a ser desenvolvidas em colaboração com a Universidade do Minho.
Por um lado, destaco o Fórum de Gestão de Dados de Investigação, que conta já com nove edições, e que tem vindo a dinamizar a comunidade de profissionais e investigadores envolvidos em atividades de suporte à gestão de dados de investigação, debatendo temas importantes e dando a conhecer projetos inovadores.
Também os Grupos de Trabalho do Fórum GDI, que contam com a participação de membros de diferentes instituições e áreas científicas, merecem destaque, ao contribuirem para a partilha de experiências e desenvolvimento de recursos úteis para a comunidade.
Por fim, realçou ainda a 3.ª edição do Massive Online Open Course (MOOC) “O Essencial de Gestão de Dados de Investigação”, disponível na Plataforma NAU e que tem como objetivo capacitar, atualizar e esclarecer a comunidade sobre esta temática. Esta edição estará disponível em breve.
Entretanto, convido a comunidade científica e do ensino superior a conhecer mais sobre o Projeto Polen em: https://polen.fccn.pt/.