Projeto “Literacia Digital para o Mercado de Trabalho” é da responsabilidade do Instituto Politécnico de Santarém.
Através desta primeira edição do projeto, será possível qualificar jovens com dificuldade intelectual e de desenvolvimento (DID) com um grau de incapacidade igual ou superior a 60%. De acordo com o Politécnico de Santarém, a metodologia é inspirada no modelo da Universidade Autónoma de Madrid, com a formação a ter uma duração de dois anos letivos.
Os trabalhos arrancaram no início do ano letivo 2018/2019 e, conforme destaca o Ministério da Educação, no seu site, este é “o primeiro modelo de formação de educação inclusiva, em contexto de ensino superior para jovens com DID, a ser realizado em Portugal”. A aposta, acrescenta, passa pelo ensino inclusivo e pelas competências digitais.
Esta primeira edição conta com 11 estudantes e divide-se em dois ambientes de aprendizagem complementares, de acordo com o documento de apresentação do projeto: formação em sala de aula e formação específica para o trabalho em empresas, realizando estágios em diferentes serviços. No final, os estudantes deste programa têm como saídas profissionais as seguintes áreas: Administração Pública, Centros Profissionais, Escolas, Empresas, Seguros, Serviços Auxiliares e Entidades Hoteleiras.
Expectativas superadas
A Escola Superior de Educação de Santarém assume um papel preponderante neste projeto. A partir do ambiente de formação desta escola, será possível habilitar estes jovens para trabalhar em diferentes contextos laborais, capacitar para a adaptação a diferentes culturas empresariais, fomentar a igualdade, a aceitação mútua e a autorreflexão, bem como desenvolver a capacidade de trabalhar em equipa.
A coordenadora do projeto, Maria Potes Barbas, considera que a experiência “tem sido extraordinária”, destacando “o apoio fundamental das 37 empresas associadas e, sobretudo, do Ministério da Ciência e do Ensino Superior”. A responsável realça ainda o papel dos 117 voluntários, 17 professores e do apoio garantido pelas famílias.
Para a especialista em Educação Multimédia, a iniciativa tem “superado as expectativas”, nomeadamente através da projeção mediática alcançada que “garantiu um contacto permanente com a sociedade civil”. “Temos recebido muitos contactos, também no sentido de saber como este projeto poderá ser implementado”, revela. Nesse sentido, no final da primeira edição, em 2020, será publicado um e-book que oferecerá a possibilidade a todas as Instituições de Ensino Superior de replicar esta formação.
Maria Potes Barbas destaca ainda o contexto em que surge esta formação, depois da publicação da lei n.º 4 de 2019, a 10 de janeiro, que, de acordo com o diploma, “estabelece o sistema de quotas de emprego para pessoas com deficiência, com um grau de incapacidade igual ou superior a 60%”. A legislação aplica-se a todas as empresas com mais de 75 funcionários.
Ainda sobre a ligação com o tecido empresarial, a coordenadora destaca como um dado muito positivo o facto de todos os estudantes “contarem já com a possibilidade de realizar um estágio remunerado”, durante o próximo ano letivo.
A passagem pelo Estúdio FCCN
Durante o mês de janeiro, os estudantes passaram pelo Estúdio FCCN. O objetivo foi a gravação do hino do projeto com a ajuda de Mariana Froes (Mimi – ex-concorrente do concurso The X Factor Portugal).
Para Maria Potes Barbas, esta experiência foi “fundamental para a alegria dos estudantes”. “Esta é uma área – a expressão motora, como a dança ou a música – que eles gostam imenso”, salienta, antes de concluir: “E tiveram a oportunidade de conhecer o estúdio e os seus recursos humanos, que nos acolheram de forma exemplar”.